Confesso que escrever um texto, qualquer que seja - e agora estou escrevendo e reescrevendo minha dissertação de mestrado - não é fácil.
Algumas vezes a idéia está na cabeça. Pensamos nela a manhã inteira, a tarde inteira, a noite inteira, dormirmos e acordamos com ela, mas no momento em que vamos afixá-la num pedaço de papel ou num diagrama, as palavras não fluem, as frases perdem o sentido e a idéia, inicialmente excelente, perde consistência e entra no mar da tolice.
Outro dia conversei com um estudante de ensino médio. Prestaria um vestibular de inverno numa universidade pública paranaense cujo nome me escapa. A pergunta dele: "Como posso escrever bem?"
Enquanto eu pensava na resposta que iria dar, ele me interrompeu: "O professor de redação me deu uns 'macetes', mas eu queria mais outros..."
Perguntei: "Quantos livros você leu este ano?"
Acredito que não preciso descrever minha tranquilidade quando respondeu nenhum. Um jogador de futebol não entra em campo sem fazer musculação, aeróbica, treinamento tático e físico etc. Uma bailarina não assume um posto em uma peça importante caso não tenha treinado suficientemente assim como um médico não opera um coração sem estudo aprofundado e várias cirurgias simplesmente acompanhando e auxiliando um profissional mais experiente.
Sendo assim, por que todo mundo acha que escrever acontece recorrendo aos "macetes"? Por que as pessoas acreditam que ler é algo dispensável? Disse ao rapaz que procurasse uma pessoa que pudesse ajudá-lo. Afinal, não sou mágico nem Jesus Cristo.
Um comentário:
Não sou nem um pouco modesta (sou mesmo é orgulhosa), concordo contigo; se sei escrever um pouquinho, é graças a minha dedicação à leitura desde pequena, meu acúmulo de vocábulos não é de semana passada. E, assim como qualquer atividade do corpo ou da mente, não se escreve bem do dia para a noite. Mas, enquanto os pais (que, hoje, não lêem) não conscientizarem os filhos a ler, as gerações serão falhas em escrita continuamente. Até...
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