A libertação da ex-candidata a presidência da Colômbia Ingrid Betancourt é indiscutivelmente um motivo de comemoração. Ninguém deve ser privado da liberdade sem passar pelo processo legal, dirigido por um tribunal que não seja de exceção.
Interessantes os movimentos instalados mundo afora que gritavam, pediam e lutavam de todas as maneiras pela libertação da prisioneira que passou anos nas matas, correndo risco de saúde, segundo informações de reféns libertados. E agora? O que acontece aos demais prisioneiros depois da libertação da refém mais ilustre e que ocupava mais espaço na mídia?
Um ponto lamentável neste episódio é o foco do jornalismo nacional sobre a vida e a libertação de senadora colombiana. Não é engraçado que a mídia de nosso país não retrate, ignore ou mesmo despreze os sequestros, a privação de liberdade e as barbaridades cometidas por aqui para noticiar o sofrimento e o desespero alheios? E aqui? Ninguém sofre? Ninguém se desespera?
Faço votos de que a senadora retome sua vida. Mas não poupo críticas à mídia brasileira que, em vez de procurar soluções e discutir o drama de nossas famílias nativas, busca inserir-se no mercado internacional menosprezando o que é nosso.
Senso de nacionalismo? Não necessariamente, porém uma leve provocação sobre a fianlidade e os objetivos da mídia brasileira. Afinal, por que ainda não fizeram uma profunda reflexão sobre o alto índice de racismo em Salvador (BA)? Ou sobre o trabalho de prostituição nos rincões do país? Ou sobre as igrejas estelionatárias que arregimentam milhões de desesperados prometendo bem-estar? Ou sobre os métodos heterodoxos da igreja tradicional, mantendo bandidos entre suas lideranças? Será que vamos ter de esperar a imprensa estrangeira denunciar estes problemas como sempre faz?
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