Lembrou dos tempos em que transitava nas ruas do bairro em sua pequena bicicleta. Tão pequena que suas pernas compridas viraram motivo de gozação.
Hoje, dirigindo o carro, pernas amplamente esticadas e braços suspensos no ar para ordenar uma direção leve, sente-se incomodado por ninguém mais ridicularizá-lo.
Ninguém mais o chama pernão, mas doutor qualquer coisa. À noite, uma nostalgia chorosa explode antes de dormir.
Talvez a vontade de voltar a ser feliz, sem compromisso, liberto.
domingo, 30 de novembro de 2008
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Bobbio: extemporâneo e universal
Estava escrevendo mais uma parte da dissertação. Lembrei-me que, em outra parte dela, questionava as nuances e convergências das patologias decorrentes das ações e conceitos entre público e privado.
Alguns dos que a leram apontaram um equívoco na utlização dos conceitos de Bobbio na análise da correspondência de Bevilaqua demonstrando corretamente que usava artifícios estranhos e complexos na análise de fontes regualdas estruturalmente de maneira diversa. Eles estão certos. Estava efetivamente equivocado em minhas análises.
Porém, relendo cartas e lendo outras, que encontrei numa das biografias do jurista cerarense, percebo que os conceitos de Bobbio são extemporâneos (que podem ser usados em qualquer tempo) e universais (podem ser aplicados em qualquer lugar). O que preciso fazer, na realidade, é apontar com mais clareza e mais argumentos como o conceito de público e de privado transcendem as relações patronais, destacadas por José Murilo de Carvalho, na República Velha.
Não é fácil. Talvez impossível. Mas, não somos românticos?
Alguns dos que a leram apontaram um equívoco na utlização dos conceitos de Bobbio na análise da correspondência de Bevilaqua demonstrando corretamente que usava artifícios estranhos e complexos na análise de fontes regualdas estruturalmente de maneira diversa. Eles estão certos. Estava efetivamente equivocado em minhas análises.
Porém, relendo cartas e lendo outras, que encontrei numa das biografias do jurista cerarense, percebo que os conceitos de Bobbio são extemporâneos (que podem ser usados em qualquer tempo) e universais (podem ser aplicados em qualquer lugar). O que preciso fazer, na realidade, é apontar com mais clareza e mais argumentos como o conceito de público e de privado transcendem as relações patronais, destacadas por José Murilo de Carvalho, na República Velha.
Não é fácil. Talvez impossível. Mas, não somos românticos?
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Perda de tempo
Uma menina perguntou ao homem em fim de vida se não era perda de tempo, àquela altura, aprender piano. Valeria a pena?
O homem sorriu, olhou bem a menina, perguntou:
- Vale a pena respirar?
O homem sorriu, olhou bem a menina, perguntou:
- Vale a pena respirar?
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
O fim do dia
Assim, levantou-se da cadeira, assim, olhou o sol expirando no fim da tela, assim, fechou os olhos para a modernidade numa refutação implícita do amor, da vida, dos sonhos.
sábado, 15 de novembro de 2008
Intolerância ou desequilíbrio na Câmara de Vereadores de Assis?
Como de costume, peguei a edição do “Jornal de Assis” de quinta-feira, 6 de novembro e, com perplexidade e atenção, li o brilhante e pontual artigo do filósofo Márcio Alexandre da Silva sobre o comportamento lastimável do vereador petista José Aparecido Fernandes durante sessão da Câmara de Vereadores de Assis.
Da tribuna da Câmara, rasgou um exemplar do “Jornal de Assis” de que constava uma matéria sobre doação de computadores à associação de produtores rurais. O comportamento deplorável, justificou o vereador, se devia ao fato de que ele, o vereador, não aparecera na foto da doação.
O filósofo discorreu didaticamente sobre a utilidade da tribuna da Câmara Municipal de qualquer cidade: propor soluções e fazer reclamações em defesa da coletividade. Que interesse possuiria a coletividade em ver a foto do vereador no J.A. ou em qualquer outro periódico?
Quando um representante eleito democraticamente pelo povo usa da tribuna da Câmara de Vereadores para falar de interesses próprios, acontece uma confusão entre público e privado. Quando a confusão acontece, despencamos nas anomalias mencionadas pelo filósofo Bobbio em “Estado Governo Sociedade”.
O Brasil é um país democrático. Tão democrático que as atitudes estranhas ao bom senso, à democracia, à pluralidade e às liberdades são tomadas por engraçadas. Comportamento idêntico de um vereador em grande parte das cidades da Holanda constituiria pressuposto para vetar manifestações futuras. Na França, seria cassado por falta de decoro, de conflito ético e de atentar contra os princípios elementares da Democracia. Em Cuba (por quem Lula mantém admiração pública) ou na China (recentemente reconhecida pelo Brasil como economia de mercado), seria fuzilado.
Vivemos em um país de princípios e práticas democráticas. Princípios e práticas democráticas são os bons alicerces do “Jornal de Assis”. Um Jornal plural, cosmopolita, eclético. Um jornal democrático pelo qual passam socialistas e capitalistas, liberais e conservadores, tucanos e petistas, acadêmicos, empresários, professores, alunos, sindicalistas, pessoas do povo.
Tão eclético e democrático que, neste mesmo espaço em que ora escrevo, católicos, protestantes e espíritas divulgam harmoniosa e respeitosamente suas doutrinas.
O comportamento equivocado do vereador pode decorrer de dois problemas: intolerância e desequilíbrio.
Cenas de intolerância estão largamente registradas pela História. Durante a Idade Média a Inquisição queimou milhares de pessoas vivas e de livros em gestos de intolerância. Séculos mais tarde, os nazistas marcharam sobre a Europa também queimando milhares de pessoas vivas e de livros em semelhante gesto de intolerância. Tudo isso porque inquisidores e nazistas não aceitavam pessoas que pensassem de maneira diferente.
Entretanto, deduzo que o vereador não quisesse manifestar intolerância, mas desequilíbrio. Vida agitada, problemas diários, cobranças de todos os lados nos fazem perder o equilíbrio. Assim, desequilibrado subira à tribuna. Desequilibrado protagonizara gestos dignos de pena.
O que é mais importante: a boa ação ou quem pratica a boa ação? A obra ou o criador? Afinal, o texto bíblico não recomenda que a mão esquerda não saiba para quem a direita fez o benefício? Por que o vereador deveria aparecer na foto? Até onde imagine, as fotos da doação dos computadores assim como o nome da entidade que recebeu os aparelhos são muito mais importantes do que o nome do vereador!
Sinceramente espero que a atitude do vereador não tenha sido uma manifestação de intolerância, mas um momento de desequilíbrio pelo qual qualquer um pode passar.
Se foi realmente um momento de desequilíbrio, cabe ao vereador, como sabiamente apontou o filósofo Márcio A. da Silva no artigo “Indignação”, pedir desculpas publicamente não apenas ao “Jornal de Assis” – símbolo de Democracia –, mas principalmente ao fotógrafo Ricardo Amaro que, desempenhando correta e competentemente seu ofício, sofreu uma agressão desnecessária.
Pedir desculpas não é sinônimo de fraqueza. Pedir desculpas significa reconhecer os excessos cometidos indevidamente, praticar a serenidade e mostrar que, apesar de nossos problemas, temos humildade para promover o diálogo, base da humanidade.
Procure em seu partido nomes como Sérgio Buarque de Holanda, Florestan Fernandes, Plínio de Arruda Sampaio e Hélio Bicudo, que lutaram pelas liberdades (entre elas a de imprensa), pelo respeito à pessoa humana, pela Democracia e pela pluralidade. Inspire-se neles!
Se julgar que só trato do passado, asseguro que nomes atuais, entre eles o Senador Eduardo Suplicy e o Ministro da Justiça Tarso Genro, também lutam pelos mesmos ideais dos intelectuais do parágrafo anterior.
Se o vereador pedir desculpas publicamente tanto ao “Jornal de Assis” quanto ao fotógrafo, com quem me solidarizo plenamente, demonstra o reconhecimento do excesso cometido e se reconcilia com o espírito democrático.
Se a recusa tiver mais força, persistindo no erro lamentável, só se pode encarar essa atitude como um ato de intolerância. Se todos os que doaram e receberam as doações são iguais, por que o vereador deveria sair em destaque na foto se ele não é melhor nem pior do que ninguém, mas igual a todos os outros?
Por fim, o comportamento inadequado em usar da tribuna da Câmara de Vereadores de Assis para brigar por um interesse pessoal (que em nada altera, atinge ou interfere na coletividade) leva-me à pergunta: O discurso do vereador constituiria ou não uma manifestação de caráter absolutamente eleitoreiro?
*Publicado originalmente no Jornal de Assis (Assis – SP) de 11 de novembro de 2008.
Da tribuna da Câmara, rasgou um exemplar do “Jornal de Assis” de que constava uma matéria sobre doação de computadores à associação de produtores rurais. O comportamento deplorável, justificou o vereador, se devia ao fato de que ele, o vereador, não aparecera na foto da doação.
O filósofo discorreu didaticamente sobre a utilidade da tribuna da Câmara Municipal de qualquer cidade: propor soluções e fazer reclamações em defesa da coletividade. Que interesse possuiria a coletividade em ver a foto do vereador no J.A. ou em qualquer outro periódico?
Quando um representante eleito democraticamente pelo povo usa da tribuna da Câmara de Vereadores para falar de interesses próprios, acontece uma confusão entre público e privado. Quando a confusão acontece, despencamos nas anomalias mencionadas pelo filósofo Bobbio em “Estado Governo Sociedade”.
O Brasil é um país democrático. Tão democrático que as atitudes estranhas ao bom senso, à democracia, à pluralidade e às liberdades são tomadas por engraçadas. Comportamento idêntico de um vereador em grande parte das cidades da Holanda constituiria pressuposto para vetar manifestações futuras. Na França, seria cassado por falta de decoro, de conflito ético e de atentar contra os princípios elementares da Democracia. Em Cuba (por quem Lula mantém admiração pública) ou na China (recentemente reconhecida pelo Brasil como economia de mercado), seria fuzilado.
Vivemos em um país de princípios e práticas democráticas. Princípios e práticas democráticas são os bons alicerces do “Jornal de Assis”. Um Jornal plural, cosmopolita, eclético. Um jornal democrático pelo qual passam socialistas e capitalistas, liberais e conservadores, tucanos e petistas, acadêmicos, empresários, professores, alunos, sindicalistas, pessoas do povo.
Tão eclético e democrático que, neste mesmo espaço em que ora escrevo, católicos, protestantes e espíritas divulgam harmoniosa e respeitosamente suas doutrinas.
O comportamento equivocado do vereador pode decorrer de dois problemas: intolerância e desequilíbrio.
Cenas de intolerância estão largamente registradas pela História. Durante a Idade Média a Inquisição queimou milhares de pessoas vivas e de livros em gestos de intolerância. Séculos mais tarde, os nazistas marcharam sobre a Europa também queimando milhares de pessoas vivas e de livros em semelhante gesto de intolerância. Tudo isso porque inquisidores e nazistas não aceitavam pessoas que pensassem de maneira diferente.
Entretanto, deduzo que o vereador não quisesse manifestar intolerância, mas desequilíbrio. Vida agitada, problemas diários, cobranças de todos os lados nos fazem perder o equilíbrio. Assim, desequilibrado subira à tribuna. Desequilibrado protagonizara gestos dignos de pena.
O que é mais importante: a boa ação ou quem pratica a boa ação? A obra ou o criador? Afinal, o texto bíblico não recomenda que a mão esquerda não saiba para quem a direita fez o benefício? Por que o vereador deveria aparecer na foto? Até onde imagine, as fotos da doação dos computadores assim como o nome da entidade que recebeu os aparelhos são muito mais importantes do que o nome do vereador!
Sinceramente espero que a atitude do vereador não tenha sido uma manifestação de intolerância, mas um momento de desequilíbrio pelo qual qualquer um pode passar.
Se foi realmente um momento de desequilíbrio, cabe ao vereador, como sabiamente apontou o filósofo Márcio A. da Silva no artigo “Indignação”, pedir desculpas publicamente não apenas ao “Jornal de Assis” – símbolo de Democracia –, mas principalmente ao fotógrafo Ricardo Amaro que, desempenhando correta e competentemente seu ofício, sofreu uma agressão desnecessária.
Pedir desculpas não é sinônimo de fraqueza. Pedir desculpas significa reconhecer os excessos cometidos indevidamente, praticar a serenidade e mostrar que, apesar de nossos problemas, temos humildade para promover o diálogo, base da humanidade.
Procure em seu partido nomes como Sérgio Buarque de Holanda, Florestan Fernandes, Plínio de Arruda Sampaio e Hélio Bicudo, que lutaram pelas liberdades (entre elas a de imprensa), pelo respeito à pessoa humana, pela Democracia e pela pluralidade. Inspire-se neles!
Se julgar que só trato do passado, asseguro que nomes atuais, entre eles o Senador Eduardo Suplicy e o Ministro da Justiça Tarso Genro, também lutam pelos mesmos ideais dos intelectuais do parágrafo anterior.
Se o vereador pedir desculpas publicamente tanto ao “Jornal de Assis” quanto ao fotógrafo, com quem me solidarizo plenamente, demonstra o reconhecimento do excesso cometido e se reconcilia com o espírito democrático.
Se a recusa tiver mais força, persistindo no erro lamentável, só se pode encarar essa atitude como um ato de intolerância. Se todos os que doaram e receberam as doações são iguais, por que o vereador deveria sair em destaque na foto se ele não é melhor nem pior do que ninguém, mas igual a todos os outros?
Por fim, o comportamento inadequado em usar da tribuna da Câmara de Vereadores de Assis para brigar por um interesse pessoal (que em nada altera, atinge ou interfere na coletividade) leva-me à pergunta: O discurso do vereador constituiria ou não uma manifestação de caráter absolutamente eleitoreiro?
*Publicado originalmente no Jornal de Assis (Assis – SP) de 11 de novembro de 2008.
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Um outro dia
Aconteceu de passar um dia intolerável, patológico e medonho.
Acordou de uma madorna conturbada, abriu a cabeça, espichou os ouvidos e perdeu o sentido da vida quando não mais testemunhou a gritaria de dois pássaros verdes num poste de estrutura lamentável.
Nesse dia, soube que acordaria nos dias seguintes de idêntica maneira, menos intolerável, igualmente patológica, mais medonha.
Acordou de uma madorna conturbada, abriu a cabeça, espichou os ouvidos e perdeu o sentido da vida quando não mais testemunhou a gritaria de dois pássaros verdes num poste de estrutura lamentável.
Nesse dia, soube que acordaria nos dias seguintes de idêntica maneira, menos intolerável, igualmente patológica, mais medonha.
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Doar sangue
Mais uma vez rompendo a promessa de que chegaria cedo à sala de meu orientador, fui doar sangue para uma emergência.
Conheço a garota há uns dez anos, mas nos últimos seis ou sete não tive mais contato com ela. Já a revi praticamente adulta. Morando sozinha numa cidade do interior do Paraná, estudando de manhã e trabalhando à noite.
O pai dela me disse que ela precisaria de sangue urgentemente. Não é brincadeira.
O engraçado é que, embora não seja a primeira vez que doe sangue, passei a tarde inteira mal, levantei há pouco e ainda estou com dor de cabeça e com pressão baixa.
Nada que um bom descanso não resolva!
Amanhã encontro meu grande orientador, levo-lhe o trabalho, que terminarei de dar uns pontos e recomeço para mais uma semana.
Vamos doar sangue?
Conheço a garota há uns dez anos, mas nos últimos seis ou sete não tive mais contato com ela. Já a revi praticamente adulta. Morando sozinha numa cidade do interior do Paraná, estudando de manhã e trabalhando à noite.
O pai dela me disse que ela precisaria de sangue urgentemente. Não é brincadeira.
O engraçado é que, embora não seja a primeira vez que doe sangue, passei a tarde inteira mal, levantei há pouco e ainda estou com dor de cabeça e com pressão baixa.
Nada que um bom descanso não resolva!
Amanhã encontro meu grande orientador, levo-lhe o trabalho, que terminarei de dar uns pontos e recomeço para mais uma semana.
Vamos doar sangue?
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
O contrário brasileiro
Acabo de ler a notícia de que o delegado que prendeu o banqueiro Daniel Dantas e vários outros envolvidos em crimes pesados será indiciado por cometer cinco crimes. É mole?
Em quantos outros países as ações corretas são interpretadas contrariamente? Até onde se saiba, quem deveria ser indiciado e responder por crimes seria o banqueiro e seus companheiros, entretanto, quem tanto batalhou para colocar os criminosos na cadeia se transforma em criminoso. Quem sabe se o delegado da polícia federal não teria mais êxito se tivesse cometido efetivamente algum crime? Uma hora destas estaria livre, serelepe, tranquilo.
***
Em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, um dos locutores afirmava que precisava corromper os delegados federais e os juízes de primeira instância, porque, ao chegarem aos tribunais superiores, não encontraria dificuldades.
Será que ele tinha razão?
Primeiro o ministro Gilmar Medes desdobrou-se para colocar na rua, duas vezes seguidas e em menos de setenta e duas horas, o banqueiro Daniel Dantas e Cia. LTDA.
Agora, quase todo o Supremo Tribunal Federal, com exceção do ministro Marco Aurélio Melo, que se manifestou contrariamente, e o ministro Joaquim Barbosa, em missão oficial fora do país, votou pela liberdade do banqueiro.
Perguntas: o funcionário de Dantas tinha ou não tinha razão quando afirmou que nos tribunais superiores estava tudo garantido? Os ministros do STF conhecem Daniel Dantas? Que relações, diretas ou indiretas, mantêm com o banqueiro? Em que estão envolvidos, além das denúncias do comportamento macabro envolvendo dinheiro público recebido de uma empresa de educação vinculada ao poder público que presta serviços sem licitação?
Em quantos outros países as ações corretas são interpretadas contrariamente? Até onde se saiba, quem deveria ser indiciado e responder por crimes seria o banqueiro e seus companheiros, entretanto, quem tanto batalhou para colocar os criminosos na cadeia se transforma em criminoso. Quem sabe se o delegado da polícia federal não teria mais êxito se tivesse cometido efetivamente algum crime? Uma hora destas estaria livre, serelepe, tranquilo.
***
Em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, um dos locutores afirmava que precisava corromper os delegados federais e os juízes de primeira instância, porque, ao chegarem aos tribunais superiores, não encontraria dificuldades.
Será que ele tinha razão?
Primeiro o ministro Gilmar Medes desdobrou-se para colocar na rua, duas vezes seguidas e em menos de setenta e duas horas, o banqueiro Daniel Dantas e Cia. LTDA.
Agora, quase todo o Supremo Tribunal Federal, com exceção do ministro Marco Aurélio Melo, que se manifestou contrariamente, e o ministro Joaquim Barbosa, em missão oficial fora do país, votou pela liberdade do banqueiro.
Perguntas: o funcionário de Dantas tinha ou não tinha razão quando afirmou que nos tribunais superiores estava tudo garantido? Os ministros do STF conhecem Daniel Dantas? Que relações, diretas ou indiretas, mantêm com o banqueiro? Em que estão envolvidos, além das denúncias do comportamento macabro envolvendo dinheiro público recebido de uma empresa de educação vinculada ao poder público que presta serviços sem licitação?
sábado, 8 de novembro de 2008
Concursos Literários
Um conhecido pergunta-me se Cristovão Tezza, o escritor curitibano recentemente banhando com uma catarata de prêmios literários importantes, não é realmente um bom escritor. Hoje, pode ser. Amanhã, quem sabe?
Como diria Maquiavel, tudo depende da virtù e da fortuna, entendendo-se esses dois termos respectivamente por qualidade e sorte. A qualidade necessária para concorrer aos prêmios literários recebidos pelo escritor paranaense era publicar um livro. Ele o publicou. Todo o resto contou com a sorte de, em algum momento bom, os jurados se encantarem com seu romance.
Em todo caso, a todos nós que nos aventuramos pelos caminhos das letras, restam-nos os conselhos de escritores premiados como Luiz Antônio de Assis Brasil reunidos aqui.
Por fim, grandes escritores morreram sem reconhecimento e depois de anos foram festejados. Victor Hugo teve sua entrada na Academia Francesa de Letras vetada. Mário Quintana foi recusado três vezes na nossa. Por que Érico Veríssimo nunca se candidatou a uma vaga?
Como diria Maquiavel, tudo depende da virtù e da fortuna, entendendo-se esses dois termos respectivamente por qualidade e sorte. A qualidade necessária para concorrer aos prêmios literários recebidos pelo escritor paranaense era publicar um livro. Ele o publicou. Todo o resto contou com a sorte de, em algum momento bom, os jurados se encantarem com seu romance.
Em todo caso, a todos nós que nos aventuramos pelos caminhos das letras, restam-nos os conselhos de escritores premiados como Luiz Antônio de Assis Brasil reunidos aqui.
Por fim, grandes escritores morreram sem reconhecimento e depois de anos foram festejados. Victor Hugo teve sua entrada na Academia Francesa de Letras vetada. Mário Quintana foi recusado três vezes na nossa. Por que Érico Veríssimo nunca se candidatou a uma vaga?
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Choro incompreendido
Os amigos não compreenderam bem por que a esposa do chefe chorava tanto pelo defunto. Que fora seu funcionário nos últimos cinco anos e geralmente atendia aos pedidos da patroa, todos sabiam. O que ninguém sabia, provavelmente tomando ciência do fato apenas naquele dia, é que o funcionário atendia corajosamente a todos os pedidos da patroa de setenta e cinco anos.
O choro representava mais que uma lástima.
O choro representava mais que uma lástima.
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Depois do dia de finados
Ainda não sabia o que faria naquele dia tão esperado pelos amigos, colegas, conhecidos e vizinhos. Para lá se mudara há pouco tempo.
O comentário de um dia de folga e de liberdade não despertou interesse de modo que, no dia exato, saiu para passear para cima e para baixo e, como não tivesse muito o que fazer, nem comemorar, nem compartilhar com antigos confidentes, resolveu voltar e sentar-se no telhado da casa.
Ali ficou o resto do dia e, quando finalmente teve uma idéia do que poderia fazer, o toque de recolher soou. Entrou, acomodou-se, agora esperando ansiosamente a saída do próximo ano. No dia seguinte, um dos mais de trezentos e sessenta.
O comentário de um dia de folga e de liberdade não despertou interesse de modo que, no dia exato, saiu para passear para cima e para baixo e, como não tivesse muito o que fazer, nem comemorar, nem compartilhar com antigos confidentes, resolveu voltar e sentar-se no telhado da casa.
Ali ficou o resto do dia e, quando finalmente teve uma idéia do que poderia fazer, o toque de recolher soou. Entrou, acomodou-se, agora esperando ansiosamente a saída do próximo ano. No dia seguinte, um dos mais de trezentos e sessenta.
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