Outro dia o telefone
tocou por volta das cinco e meia da manhã. Sem escovar os dentes ou tomar banho
ou beber uma xícara de café ou de chá, vesti o primeiro calção que me apareceu
na frente (comicamente um de futebol), uma camisa, meias e tênis, peguei o
carregador e os telefones, a carteira, a chave do carro e as do escritório,
meti-me no veículo e vinte minutos depois estacionava em Paraguaçu Paulista.
Despendi o dia indo
ao hospital e, em seguida, pondo-me de vigília, encerrada por volta das três
tarde. Entre a saída de casa e o fim do trabalho, peguei-me muitas vezes
cansado de vasculhar as informações de redes sociais ou do site de notícias,
refletindo sobre a necessidade de ter à disposição uma “bolsa de emergência”.
Como o nome diz,
usa-se a tal bolsa em emergência. Caso o telefone dispare de madrugada – ou
mesmo entre o início e o fim do horário comercial – pega-se a bolsa e segue-se ao
destino. Dentro dela, o básico: dois pares de meias, cinco cuecas, uma calça
social e uma jeans, um calção, duas camisas de mangas longas, duas camisetas,
escova, creme dental, sabonete Phebo, anti-perspirante, fio dental, perfume.
Obviamente cinco ou seis livros: três de crônicas, dois de poesia, um de contos
ou de romance. Embora dedique-me à dramaturgia há seis anos, não levaria nenhum
título. Motivo simples: como diria um grande professor, dramaturgia não é como
romance que, ocorreu algum imprevisto, a gente para a leitura, retomando-a sem
problemas dois dias ou duas semanas depois.
Talvez papéis avulsos
– inteligentemente um bloco de notas – coubessem na bolsa, acompanhados sempre
de duas ou três canetas. O telefone celular ajuda bastante nas anotações, mas,
diferentemente das canetas e dos papéis, eles jamais vão nos deixar na mão por
falta de bateria, dificuldade de encontrar uma tomada, travar ou ser invadido
por vírus que nem mesmo os brilhantes técnicos de eletrônicos arrumam soluções
para erradicar.
Andei pensando se
poderia encaixar outros itens na bolsa, porém acredito que, por um ou dois
dias, os listados acima seriam mais do que suficientes. O que você levaria em
sua “bolsa de emergência”?
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